BIENAL DE ARTE EM VENEZA
Por Carla Camuso
Por Carla Camuso
A Bienal de Veneza reúne o que há de contemporâneo no mundo das artes desde 1895,
quando recebeu em sua inauguração nada menos
do que 224 mil visitantes, na presença dos reis
Umberto I e Margherita di Savoia. Foi objeto de repúdio em 1910 do famoso artista futurista Marinetti, que organizou um lançamento de panfletos anti-Bienal na Praça San
Marco. Em contrapartida, registrou as
primeiras grandes aparições
internacionais, uma sala dedicada à Klimt, uma
equipe dedicada a Renoir, uma retrospectiva dedicada a Courbet... e por aí vai.
Em 1920 houve a primeira presença de avant-garde na Bienal (impressionistas, pós-impressionistas, Die Brücke) e em 1922 apresenta a primeira retrospectiva de Modigliani, e uma exposição de escultura de artistas africanos. No prédio em que abriga a exposição, foi inaugurado o Instituto Histórico de Arte
Contemporânea, o primeiro grupo dos acervos
arquivísticos da Bienal.
A Bienal leva a natureza
multidisciplinar desde essa época. É lá que surge o Festival Internacional
de Música Contemporânea, Festival Internacional de Cinema, Festival Internacional de Teatro de
Prosa que se destacam entre os mais antigos, além da Mostra internacional de Arquitetura e Bienal de Dança.
A
Bienal é instalada em
numerosos pavilhões representando
os artistas e os diferentes países convidados.
É possível verificar um pouco da Exposição no link: Bienal de Veneza 2015
E o BRASIL na Bienal?
O
Brasil iniciou sua participação oficial em
1950, tendo a sua primeira representação
brasileira composta exclusivamente por artistas identificados com o Modernismo,
o que demonstra a ampla aceitação e legitimidade
por ele alcançado no país.
Participaram, então, nomes já
consagrados, incluindo alguns da geração
de 22, e também artistas mais
jovens, que só então
começavam a se destacar no cenário
nacional, a exemplo de Vítor Brecheret, Flávio
de Carvalho, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Bruno
Giorgi, Roberto Burle Marx, José
Pancetti, Cândido Portinari e
Alfredo Volpi.
Mas um Pavilhão exclusivo para o Brasil só foi construído em 1964. A partir de 1995, a responsabilidade pela escolha dos
curadores e artistas foi outorgada pelo governo Brasileiro à Fundação
Bienal de São Paulo, reconhecimento da grande importância da instituição
– a segunda mais antiga no gênero em todo o mundo – para as artes
visuais do país. Desde 95, as participações brasileiras no evento são
organizadas em colaboração conjunta entre o Ministério das Relações, o
Ministério da Cultura e a Fundação Bienal de São Paulo - responsável
pela escolha do curador e produção das mostras.
Esse
ano, nossos representantes foram o André Komatsu, Berna
Reale e Antonio Manuel, artistas selecionados pelo curador Luiz Camillo Osorio. É Tanta Coisa Que Não
Cabe Aqui, é
o título da mostra em que os três
construíram um lugar de
aprisionamento como crítica a uma falsa
liberdade em que transita o indivíduo
contemporâneo.
É
como se o trio dissesse que para, sermos livres, precisamos estar trancafiados
num espaço cirurgicamente
limpo, falso, montado por nossa imaginação,
na estética do “condomínio”,
citando Christian Dunker.
A artista Berna Reale |
Há o aprisionamento do outro, na pobreza econômica,
na violência física,
social e cultural, que é uma
maneira de garantir nossa própria
e mesquinha sobrevivência. Cada trabalho dialoga entre si e com o resto das obras da
mostra central no Arsenal, onde esta ideia de desordem aparece explícita
em criações de artistas do
mundo todo.
Antonio Manuel em sua instalação “Nave” (2015), no Pavilhão do Brasil, da 56ª Bienal de Veneza/Foto: Patricia Rousseaux |
A
56ª Bienal, intitulada "Todos os futuros do mundo" teve como diretor Okwui Enwezor. Na
complexidade de um evento, como a Bienal de Veneza, o visitante deve se predispor a fazer suas leituras e considerações.
Nave”, de Antônio Manuel, exposta na Bienal de Veneza deste ano. Crédito: Glamurama |
Além dos três artistas do pavilhão brasileiro, Vik Muniz também entra de
forma engajada na Bienal de Veneza, mas em outro espaço. Ele ancorou em
frente ao Palácio Brandolini um barco feito com a primeira página de um
jornal de 14 metros de comprimento. A obra, chamada Lampedusa, é de
madeira adesivada por páginas de jornais italianos do dia seguinte ao da
tragédia ocorrida em outubro de 2013, quando um barco que levava
imigrantes ilegais da Líbia naufragou na costa da ilha italiana de
Lampedusa.
Para que tem disponibilidade para visitar, segue o endereço. A exposição fica aberta até o mês de novembro!
Quando: de 9 de maio a 22 de novembro de 2015
Onde: Giardini Castello, Padiglione Brasile, 30122 – Veneza, Itália
FONTES:
FUNDAÇÃO
BIENAL. Arquivo Histórico. Bienais de Veneza.
LA BIENALE DI VENEZIA (site oficial).
LA BIENALE DI VENEZIA (site oficial).
COUTO, André. Bienal de Veneza http://brasileiros.com.br/2015/05/artistas-dao-toques-finais-no-pavilhao-brasileiro-em-veneza/
DW. Made for Mind . http://www.dw.com/pt/as-principais-atra%C3%A7%C3%B5es-da-bienal-de-veneza-2015/av-18478992
DW. Made for Mind . http://www.dw.com/pt/as-principais-atra%C3%A7%C3%B5es-da-bienal-de-veneza-2015/av-18478992
GLAMURAMA - Pelo Mundo : http://glamurama.uol.com.br/politica-e-inspiracao-de-artistas-brasileiros-na-bienal-de-veneza/#1
ROUSSEAUX Patricia. http://brasileiros.com.br/2015/05/artistas-dao-toques-finais-no-pavilhao-brasileiro-em-veneza/
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